Livro: Os Mensageiros




O estudo será apresentado por capítulo.


Estudo do Capítulo 21 – Espíritos Dementados
  

Visitando os albergues do Posto, André Luiz e Vicente acompanham os encarregados da assistência. O chefe do Posto atende e conforta vários Espíritos necessitados que o procuram, presos a problemas inferiores, pois se julgam ainda encarnados.


Malaquias, um dos enfermos, reclamava com Alfredo a demora do atendimento de sua petição. Estava preocupado com suas terras e seus escravos. Alfredo lhe diz que é preciso, primeiro, cuidar da saúde e ele se acalma. Aristarco receia que os primos lhe tomem sua parte na herança dos avós e indaga se seu pedido já foi enviado ao Imperador. Alfredo o esclarece quanto aos verdadeiros bens que ele poderá alcançar diante da Vida Eterna, e lembra que os primos, quando deixarem a Terra, nada poderão levar consigo. Essa idéia acalma o enfermo. Aproxima-se então uma senhora que reclama a volta ao lar, alegando que seu marido, se ela não voltar, dissipará seus bens e perseguirá as filhas. Alfredo procura esclarecê-la, sugerindo o desapego pelos bens passageiros, para poder ganhar os eternos bens, mas a mulher afasta-se encolerizada, incapaz de qualquer compreensão. Na verdade, ela desencarnou quando pretendia envenenar o marido, às ocultas, e os outros eram tiranos em seus domínios. Depois de passarem por um longo período dormindo, julgam-se ainda encarnados, supondo que podem dissimular suas pretensões criminosas.


Estudo do Capítulo 22 – Os que Dormem  

A equipe chega a pavilhão escuro, situado em área com três quilômetros de extensão, mais ou menos. No interior, espaçosas enfermarias. Silêncio absoluto... Têm semblante horrendo, quase todos estampando pavor, em cadavérica palidez...  São os “embriões da vida” ou “fetos da espiritualidade”, paralíticos do bem. André observa o calor orgânico, a pulsação regular e os movimentos respiratórios, apesar da extrema rigidez dos membros, como num processo de catalepsia. 


Quem não a exercitar de algum modo, na Terra, preferindo deliberadamente a negação injustificável, encontrar-se-á mais tarde sem movimento. Semelhantes criaturas necessitam de sono, de profundo repouso... (Aniceto, cap. 22, pág. 122)

Estudo:   Qual a modificação que estou fazendo para essa consciência espiritual, para minha evolução moral?
Falo tanto em Deus me ajude e o que eu estou fazendo para receber essa ajuda?
Avaliar           Identificar         Traçar metas             Colocar em prática

Porque onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou no meio deles”. (Mateus, 18:20)

A prece como autopasse => Assim como o homem através dos seus fluidos pode influenciar o seu semelhante, presente ou a distância, pode também agir sobre si mesmo.
O autopasse requer concentração para poder colocar-se na posição de receptor. A seguir, é necessária a meditação e a prece fervorosa. Segundo André Luiz, Nos Domínios da Mediunidade, "A oração é prodigioso banho de forças, tal a vigorosa corrente mental que atrai".
A prece fervorosa, associada à fé na ajuda espiritual, acelera as nossas vibrações, facilitando a ligação com os benfeitores.
A prece impulsiona nossas energias para o alto e atrai as energias espirituais que, somadas às nossas, voltam sobre nós, trazendo fluidos renovadores, a fim de conseguirmos operar com eficiência em favor do próximo. E assim, ajudando, somos também ajudados.






Estudo do Capítulo 19 – O Sopro (Continuação)

O que é o Passe?

É a transferência de fluidos de uma pessoa a outra, através da prece e imposição de mãos, procedimento largamente usado nos centros espíritas. As energias são oriundas dos fluidos humanos (do passista) e fluidos espirituais (dos Espíritos que trabalham com a equipe de médiuns). Existem três tipos de magnetismo: o humano, o espiritual e o misto. O tipo de magnetismo utilizado nas casas espíritas é o misto, pois à ação dos encarnados soma-se a ajuda benéfica dos Espíritos que trabalham na área, qualificando, direcionando e potencializando os fluidos.   



Que são fluidos?

Os fluidos são veículos do pensamento dos Espíritos, tanto encarnados quanto desencarnados. Todos estamos mergulhados no fluido cósmico universal, substância básica da Criação, que varia da imponderabilidade até a ponderabilidade. Os fluidos espirituais estão impregnados dos pensamentos dos Espíritos, portanto varia de qualidade ao infinito. A atmosfera fluídica é formada pela qualidade dos pensamentos nela predominantes.




Estudo do Capítulo 20 – Defesas Contra o Mal


O Posto de Socorro tem defesas múltiplas, mantendo à distância “irmãos consagrados ao mal, perversos e criminosos, entidades verdadeiramente diabólicas”. O Posto está equipado com armas que não exterminam, apenas defendem, disparando projéteis elétricos que causam impressão da morte, isso porque na esfera espiritual a matéria mental pode modificar o corpo denso todos os dias .

As fortificações do Posto impressionavam. Fossos que deixavam passar a água corrente, a torre de vigia, o caminho da ronda, a cisterna, as seteiras, as paliçadas e os pequenos canhões, tudo lembrava as fortificações terrestres. No cume da torre de vigia, tremulava uma enorme bandeira de paz, muito alva. Alfredo explicou que era indispensável defender o Posto, embora sua tarefa fosse de concórdia e harmonia. As entidades votadas ao mal não eram apenas ignorantes ou inconscientes. A maioria se constitui de indivíduos perversos e criminosos, entidades verdadeiramente diabólicas. Daí a necessidade de defesa permanente e a importância das fortificações. Na Crosta, os homens menos felizes lutam pela dominação econômica, pelas paixões desordenadas, pela hegemonia dos falsos princípios. Ali tem-se tudo isso em identidade de condições. Mas as balas utilizadas na defesa do Posto não são feitas de aço; são projetis elétricos, que assustam terrivelmente as entidades e podem causar a impressão de morte. Os projetis expulsam os inimigos do bem através de vibrações do medo, podendo causar a ilusão da morte ao atuar sobre o corpo espiritual denso de Espíritos muito atrasados no caminho da vida. Para ilustrar seu relato, Alfredo contou ao grupo a lenda hindu da serpente e do santo.




Alfredo sorriu serenamente e perguntou, bem humorado:
— Vocês conhecem a lenda hindu da serpente e do santo?
Ante a nossa expressão negativa, o administrador continuou:
— Contam  as  tradições  populares  da  Índia que existia uma  serpente
venenosa em certo campo. Ninguém se aventurava a passar por lá, receando-
lhe o assalto. Mas um santo homem, a serviço de Deus, buscou a região, mais
confiado no Senhor que em si mesmo. A serpente o atacou, desrespeitosa. Ele
dominou-a, porém, com o olhar sereno, e falou: — Minha irmã, é da lei que não
fará mal a ninguém. A víbora recolheu-se, envergonhada. Continuou o sábio o
seu  caminho  e a  serpente modificou-se  completamente. Procurou os  lugares
habitados pelo homem, como desejosa de reparar os antigos crimes. Mostrou-
se  integralmente pacífica,  mas,  desde  então,  começaram  a  abusar  dela.
Quando  lhe  identificaram a submissão absoluta, homens, mulheres e crianças
davam-lhe  pedradas.  A  infeliz  recolheu-se à  toca,  desalentada.  Vivia aflita,
medrosa, desanimada. Eis, porém, que o santo voltou pelo mesmo caminho e
deliberou  visitá-la.  Espantou-se,  observando  tamanha  ruína.  A  serpente
contou-lhe, então, a história amargurada. Desejava ser boa, afável e carinhosa,
mas as criaturas perseguiam-na e apedrejavam-na. O sábio pensou, pensou e
respondeu após ouvi-la:
— Mas, minha  irmã,  houve  engano de  tua parte. Aconselhei-te a não
morderes ninguém, a não praticares o assassínio e a perseguição, mas não te
disse que evitasses de assustar os maus. Não ataques as criaturas de Deus,
nossas  irmãs no mesmo caminho da vida, mas defende a  tua cooperação na
obra  do Senhor. Não mordas,  nem  firas, mas  é  preciso manter o perverso à
distância, mostrando-lhe os teus dentes e emitindo os teus silvos.
Nesse momento, Aniceto sorriu de maneira expressiva.
O administrador fez longa pausa e concluiu:
— Creio que a fábula dispensa comentário. 

Estudo do Capítulo 18 – Informações e Esclarecimentos



No Posto chegam sinais de batalhas sangrentas na Terra (o ano era 1944), provocando grande tempestade magnética. Grandes massas de desencarnados (pela Segunda Guerra Mundial) superlotam os Postos de Socorro de várias colônias espirituais. É citada a Colônia “Alvorada Nova”, situada em zonas mais altas, com intercâmbio com avançados núcleos de espiritualidade superior, de planetas vizinhos.


Os que não se encontram nas linhas de fogo, permanecem nas linhas da palavra e do pensamento. Quem não luta nas ações bélicas, está no combate das  idéias, comentando a situação.
Reduzido número de homens e mulheres continuam cultivando a espiritualidade superior.
O erro de uma nação influirá em todas...
A  Humanidade  terrestre  é uma  família  de  Deus, como  bilhões  de outras  famílias  planetárias  no  Universo  Infinito.  Enquanto houver  discórdia  entre nós, pagaremos doloroso preço em suor e lágrimas.
Trecho do livro “Os Mensageiros” para suporte ao slide.
Os enfermos da Guerra - O ambiente espiritual na Terra, por causa dos combates que se desenvolviam na Crosta, era muito pesado. Alfredo sugere que Aniceto e seus companheiros pernoitem no Posto, porque os aparelhos indicavam aproximação de grande tempestade magnética para aquele dia. Os combates na Terra eram intensos e poucas pessoas cultivavam a espiritualidade superior. Natural, pois, que se intensificassem, ao longo do planeta, espessas nuvens de resíduos mentais dos encarnados invigilantes, multiplicando as tormentas destruidoras. Os Postos de Socorro de várias colônias ligadas ao Campo da Paz já estavam superlotados de europeus desencarnados violentamente. Os mentores espirituais mais elevados decidiram remover pelo menos 50% dos desencarnados na guerra para os núcleos espirituais americanos. Ali mesmo encontravam-se mais de 400 espíritos. Aniceto pergunta pelas dificuldades de linguagem e Alfredo esclarece que, para cada grupo de cinqüenta infelizes, as colônias do Velho Mundo fornecem um enfermeiro-instrutor, com quem eles se entendem de modo direto. Essa remoção visava a proteger a coletividade dos Espíritos encarnados nas regiões de origem, porque essas aglomerações de desencarnados determinariam focos pestilenciais de origem transcendente, com resultados imprevisíveis.
Embalde voltarão os países do mundo aos massacres recíprocos. O erro de uma nação influirá em todas, como o gemido de um homem perturbaria o  contentamento de  milhões.  A  neutralidade é um mito,  o  insulamento uma ficção  do  orgulho  político.  A  Humanidade  terrestre  é uma  família  de  Deus, como  bilhões  de outras  famílias  planetárias  no  Universo  Infinito.  Em  vão  a guerra desfechará desencarnações em massa. Esses mesmos mortos pesarão na economia  espiritual  da  Terra.  Enquanto houver  discórdia  entre nós, pagaremos doloroso preço em suor e lágrimas. A guerra fascina a mentalidade de  todos  os  povos,  inclusive  de  grande  número  de  núcleos  das  esferas invisíveis. Quem não empunha as armas destrói dons, dificilmente se afastará do  verbo  destruidor,  no  campo da  palavra ou  da  idéia.  Mas, todos  nós pagaremos tributo. É da lei divina, que nos estendamos e nos amemos uns aos outros. Todos sofreremos os resultados do esquecimento da lei, mas cada um será  responsabilizado,  de perto,  pela  cota de  discórdia  que  haja  trazido  à família mundial.

A prece é uma luz mais  intensa no coração dos homens. Bem  se diz que a estrela brilha mais  fortemente nas noites sem  luz.
Trecho do livro “Os Mensageiros” para suporte ao slide.
O farol de Bristol - O valor da prece nos tempos de guerra ainda mais se acentua. Alfredo relatou então a curiosa experiência que ele presenciou em Bristol, na Inglaterra. A cidade estava sendo sobrevoada por alguns aviões pesados de bombardeio. As perspectivas de destruição eram assustadoras. No seio da noite, destacava-se, porém, à visão espiritual, um farol de intensa luz. Seus raios faiscavam no firmamento, enquanto as bombas eram arremessadas ao solo. O grupo de Espíritos desceu ao ponto luminoso. Verificou-se então, com surpresa, que eles se encontravam numa igreja, cujo recinto devia ser quase sombrio para o olhar humano, mas altamente luminoso para os olhos espirituais. Alguns cristãos corajosos reuniam-se ali e cantavam hinos. O ministrante do culto lera a passagem dos Atos em que Paulo e Silas cantavam à meia-noite, na prisão, e as vozes cristalinas elevavam-se ao Céu, em notas de fervorosa confiança. Enquanto as bombas explodiam lá fora, os cristãos cantavam, unidos, em celestial vibração de fé viva. O chefe do grupo mandou que Alfredo e seus companheiros se conservassem de pé, diante daquelas almas heróicas, em sinal de respeito e reconhecimento. E disse "que os políticos construiriam os abrigos antiaéreos, mas que os cristãos edificariam na Terra os abrigos antitrevosos". 
Estudo do Capítulo 19 – O Sopro

São citados sistemas espirituais de transporte, com base no eletromagnetismo. Há esclarecimentos sobre o passe de sopro curador, cujos passistas “exercitaram-se longamente, adquirindo experiências a preço alto”.  Imprescindível, no caso, “a pureza da boca e a santidade das intenções”. Passistas encarnados deverão ter “estômago sadio, boca habituada a falar o bem, com abstenção do mal e a mente reta, interessada em auxiliar”.
Dois livros, psicografados por Chico Xavier, abordam a gênese da vida na Terra, colocando a atividade espiritual envolvida nesse complexo processo. São os livros Evolução em dois mundos, de André Luiz, e A caminho da luz, de Emmanuel. André Luiz tenta nos mostrar a dimensão de nossa galáxia, comparando-a com uma cidade imensa.



São citados sistemas espirituais de transporte, com base no eletromagnetismo.
Há esclarecimentos sobre o passe de sopro curador.


  • No passe - o espírito acumulando energias e estimulando a sensibilidade do médium, conjuga forças psíquicas e vitais para a transmissão dos recursos de cura.



O passe espírita é prece, concentração e doação.

“O pensamento é criador, é a causa inicial de nossa elevação ou nosso rebaixamento. Podemos fazer à vontade em nós, a luz ou a sombra, o céu ou o inferno. Não só emitimos como recebemos, mas quem determina a qualidade do retorno é o emissor.”

(Léon Denis – O Problema do Ser, do Destino e da Dor, C. 24)


Naquele Posto utiliza-se, com freqüência, a técnica do sopro curativo. À semelhança do passe, o sopro curativo poderia ser utilizado pela maioria das criaturas, com vantagens prodigiosas. Mas o assunto requer esforço individual e longo preparo. Os técnicos do Posto não se formaram de pronto. Exercitaram-se longamente, e, para a tarefa, precisam conservar a pureza da boca e a santidade das intenções. Alfredo, ante a surpresa de André, lembrou que o sopro da vida percorre a Criação inteira. "Nunca pensaram no vento, como sopro criador da Natureza?", indagou o dirigente do Posto de Socorro. Aniceto também explicou que no Ministério do Auxílio, em "Nosso Lar", há grande instituto especializado no assunto. "No plano carnal, toda boca, santamente intencionada, pode prestar apreciáveis auxílios, notando-se, porém, que as bocas generosas e puras poderão distribuir auxílios divinos, transmitindo fluidos vitais de saúde e reconforto", acrescentou Aniceto. 




Estudo do Capítulo 16 – No Posto de Socorro
                Como é a vida no Plano Espiritual?
Chegam os três a castelo-educandário soberbo, resguardado por pesados muros. No interior, pomares e jardins maravilhosos. A.Luiz vê um quadro, pintura em tela, que já havia visto em Paris, quando encarnado. Fica sabendo que o pintor da tela de Paris copiou-a desse original, após vê-lo, em sonho.
A  noção  de  céu e inferno, fundamente  arraigada na mente popular,  não  deixa perceber  que  os homens, de modo geral, não se modificam com a morte física, como a troca de residência não significa mudança de personalidade para a criatura comum.

MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO (ESE – Cap. II, pg 66  - S. João VV.33,36 e 37)
Para quem se coloca, pelo pensamento, na vida espiritual, que é indefinida, a vida corpórea se torna simples passagem, breve estada num pai ingrato. As vicissitudes e tribulações dessa vida não passam de incidentes que ele suporta com paciência, por sabê-las de curta duração, devendo seguirse-lhes um estado mais ditoso. A morte nada mais restará de aterrador; deixa de ser a porta que se abre para o nada e torna-se a que dá para a libertação, pela qual entra o exilado numa mansão de bem-aventurança e de paz. Sabendo temporária e não definitiva a sua estada no lugar onde se encontra, menos atenção presta às preocupações da vida, resultando-lhe daí uma calma de espírito que tira àquela muito do seu amargor.


Esta  paz  reflete o  estado  mental  dos  que  vivem  neste pouso  de assistência  fraterna. Acabamos  de atravessar  uma  zona de grandes  conflitos espirituais, que vocês ainda não podem perceber. A Natureza é mãe amorosa em toda a parte, mas, cada lugar mostra a influência dos filhos de Deus que o habitam. (pgs. 104/105)
Ocultar  a própria glória é  do  código do bom tom  nas sociedades  espirituais nobres e santas. (pg. 103)
“ANDRÉ LUIZ SE ADMIROU AO ENTRAR NAS DEPENDÊNCIAS DO CASTELO COM O QUE?”
         POMARES E JARDINS
         GRANDES FOCOS DE LUZ RADIANTE
         PAVILHÕES NUMEROSOS
         MAIS LUZ NO CÉU     
         PAZ REINANTE NO AMBIENTE
         TURMAS VARIADAS DE TRABALHADORES




O quadro de Florentino Bonnat - A sede do Posto de Socorro foi construída à maneira de formoso castelo europeu dos tempos feudais. As escadas de substância idêntica ao mármore impressionavam por sua beleza. Uma varanda extensa e enfeitada de hera florida, diferente da conhecida na Terra, dava acesso a um vasto salão mobiliado ao gosto antigo. Nas paredes, quadros maravilhosos. Uma tela de Bonnat, representando o martírio de São Dinis, o apóstolo gaulês rudemente supliciado nos primeiros tempos do Cristianismo, enfeitava o salão. André Luiz informou ao administrador do Posto de Socorro que o original daquele quadro, segundo sabia, encontrava-se no Panteão de Paris. Alfredo, o gentil anfitrião do pequeno grupo, retrucou dizendo que, na verdade, aquele quadro fora feito por nobre artista cristão, numa cidade espiritual ligada à França. Em fins do século passado, o grande pintor Bonnat, durante o sono, visitou aquela colônia e viu o quadro, depois reproduzido por ele em tela que ficou célebre no mundo inteiro. Muitas criações artísticas são obras dos homens, mas nem todas são originariamente da Terra, esclareceu o administrador do Posto de Socorro. 


Estudo do Capítulo 17  – O Romance de Alfredo

Multiplica-se o número de necessitados que recorrem ao Posto?
Enormemente. Nossa produção de alimentos e  remédios tem sido integralmente  absorvida pelos  famintos  e doentes.  Tenho quinhentos cooperadores, mas nos sentimos presentemente incapazes de atender a todas as obrigações.
Comentários:
Trabalho realizado no Posto de Socorro.
André informa que a palestra de Alfredo e as observações de Ismália estavam cheias de notas interessantes e educativas. 
E  qual  a  sua  impressão  dos  serviços  em  geral?    perguntou
Aniceto, atencioso, dirigindo-se ao dono da casa.
— Excelente, quanto às oportunidades de realização que nos oferecem-  respondeu Alfredo  em  tom significativo —  entretanto,  não  tenho o mesmo parecer quanto à situação em curso. As zonas a que servimos estão  repletas de  novidades  dolorosas.  O  presente período humano  é  de  conflitos devastadores  e  as vibrações  contraditórias  que nos  atingem  são  de molde a enfraquecer  qualquer  ânimo  menos  decidido.  Desencarnados  e  encarnados empenham-se em batalhas destruidoras. É uma lástima. 
Multiplica-se o  número de  necessitados  que  recorrem  ao  Posto? — continuou indagando nosso orientador.
  Enormemente. Nossa  produção de alimentos  e  remédios  tem  sido integralmente  absorvida pelos  famintos  e  doentes.  Tenho  quinhentos cooperadores, mas nos sentimos presentemente incapazes de atender a todas as obrigações. As massas de sofredores são incontáveis. Noutro tempo, nossa paisagem se mantinha sem sombras, durante muitas semanas, mas agora... 


Minha  esposa e  eu  temos  o divino  compromisso da  união eterna,  mas  ainda não  lhe  mereço a presença  contínua.  Ela é  a  bondade celeste, e eu, a realidade humana.
ALFREDO
Ø responsabilidade no campo dos negócios materiais;
Ø  longe de comprender as obrigações sublimes de esposo e pai;

ISMÁLIA
Ø  era a providência de nossa casa;
Ø  companheira fiel e dedicada.

Comentários:
O aprendizado com as experiências vividas. A história de Alfredo e Ismália quando encarnados.
Resumo:
Alfredo, o dirigente do Posto relata a história da sua união com a esposa, cuja companhia ele ainda não pode usufruir, pois quando encarnados, ele desfez o casamento, por ouvir calúnias contra ela, que era inocente e que pelo abandono desencarnou, com tuberculose.
Ismália e Alfredo formavam um par feliz na última existência terrestre; no entanto, salteadores perversos espreitavam sua ventura. Ismália sofrera calada, o assédio de um sócio do marido, que a perseguira por alguns anos consecutivos, sem sucesso. Como vingança, o sócio começou a caluniá-la junto ao Alfredo. Dando ouvidos à calúnia, Alfredo sentiu que o relacionamento no lar tornava-se aos poucos intolerável. Em qualquer gesto da esposa, ele via maldade e tentava descobrir segundas intenções. Por fim, seu sócio subornou um homem que se ocultaria dentro da casa de Alfredo, para ser por ele visto dali saindo, em atitude suspeita. Alfredo, avisado da suposta traição da mulher, pensa que Ismália tivera um encontro com o estranho. Em extremo desespero, ele penetra os aposentos do casal, onde Ismália repousa e a acusa em voz alta. Toma depois uma arma e atira várias vezes tentando atingir aquele vulto que fugia de sua casa, esgueirando-se na sombra... Olhos congestos, vomitando insultos, quis eliminar a esposa, banhada em lágrimas a seus pés. No entanto, alguma coisa, que ele nunca pôde compreender na Terra, paralisou-lhe o braço quase homicida. Vociferando blasfêmias, Alfredo afastou-se do lar. Estava rompido o casamento. Ismália foi devolvida à casa paterna, destituída do contato com os filhos, que ficaram com o pai. Dois anos depois, entre as angústias da saudade e do abandono, Ismália seria colhida pela tuberculose, falecendo em terrível martirológio moral.

Muito tempo mais tarde, Alfredo vem a saber que tudo fora uma farsa: seu ex-sócio, momentos antes de desencarnar, contou-lhe toda a história. A loucura irremediável o transtornou e foi assim que regressou ao mundo dos Espíritos, em tristes condições espirituais. Ismália o amparou nos momentos mais difíceis, mas, residindo num plano superior, ele não podia agora contar com sua presença permanente a seu lado.


Estou resgatando crimes de precipitação. Pela  impulsividade delituosa, perdi minha paz, meu lar e minha devotada companheira. Conforme ouviram, não matei nem roubei a ninguém, mas envenenei-me a mim próprio. A calúnia é um monstro invisível, que ataca o homem através dos ouvidos invigilantes e dos olhos desprevenidos.
Comentários:
A necessidade da transformação moral para que possamos ter merecimento da benção Divina, amparando nos nas lutas...


Estudo do Capítulo 14 – Preparativos


Com esse capítulo iniciamos a segunda parte do livro que vai até o capítulo 32, onde o estudo é direcionado na descrição de atendimentos prestados a encarnados e a desencarnados, pela equipe de mensageiros do “Nosso Lar”.
Aniceto transmitiu aos dois amigos uma visão inteiramente nova acerca da oração.
"Não podemos abusar da oração aqui, segundo antigas viciações do sentimento terrestre", explicou Aniceto. No círculo carnal, costumamos utilizá-la em obediência a delituosos caprichos, suplicando facilidades que surgiriam em detrimento de nossa própria iluminação.
Em "Nosso Lar", porém, a oração é compromisso de testemunhos, esforço e dedicação aos superiores desígnios. Toda prece, entre nós, deve significar, acima de tudo, fidelidade do coração. "Quem ora, em nossa condição espiritual, sintoniza a mente com as esferas mais altas e novas luzes lhe abrilhantam os caminhos“.



Por recomendação de Aniceto, André Luiz e Vicente recebem no Gabinete de Auxílio Magnético às percepções, anexo ao Centro de Mensageiros, determinadas aplicações espirituais que, entre outras conseqüências, dilatariam sua visão espiritual.
A princípio, nada de extraordinário André notou, embora sentisse dentro do coração nova coragem e alegria diferente. Experimentava bom ânimo, até então desconhecido.
Meus sentidos da visão e da audição pareciam mais límpidos.



Aniceto, André Luiz e Vicente partem, sem bagagens, para uma viagem de estudos e trabalhos na Crosta, que durariam uma semana. Seguem, porém, um trajeto diferente.
Não utilizam a estrada livre mantida por ordem superior para as atividades normais dos trabalhos espirituais e trânsito dos irmãos esclarecidos, em vésperas de reencarnação.


Aniceto explica que as regiões inferiores entre "Nosso Lar" e a Crosta são tão grandes que exigem uma estrada ampla e bem cuidada, requerendo também conservação, como as rotas terrestres.
Na Terra, obstáculos físicos; ali, obstáculos espirituais. As vias de comunicação normais destinam-se ao intercâmbio indispensável. Os que se encontram nas tarefas de auxílio espiritual e os que se dirigem à reencarnação devem seguir com a harmonia possível, sem contacto direto com as expressões dos círculos mais baixos.



A absorção de elementos inferiores determinaria sérios desequilíbrios no renascimento deles.
O pequeno grupo, porém, seguiria um caminho menos fácil, porque o objetivo era aprendizado e experiência.
Aqui, toda a nossa bagagem é a do coração. Na Terra, malas, bolsas, embrulhos; mas, agora, devemos conduzir propósitos, energias, conhecimentos e, acima de tudo, disposição sincera de servir. 

Estudo do Capítulo 15 – A Viagem 


A caminho, a equipe faz pausa no Posto de Socorro situado entre “Nosso Lar” e a Crosta, a grande distância desta. A.Luiz e Vicente, sob orientação de Aniceto, vêem-se banhados de luz, pela primeira vez (!). Nas trilhas: frio, ausência de luz solar, paisagens misteriosas, aves horripilantes, rijas ventanias... Aniceto explica aos dois auxiliares que aquela é região sob influência astral da Terra. A seguir cita interessantes dados astronômicos. Informa sobre a “existência de outros mundos sutis, dentro dos mundos grosseiros”(!).


Daí a pouco chegaram ao cume de grande montanha, envolvida em sombra fumarenta. Trilhas diversas apareciam no solo; foi então que André Luiz viu seu corpo iluminar-se. As surpresas, porém, não cessavam. Mergulhavam num clima estranho, onde predominavam o frio e a ausência de luz solar. A topografia era um conjunto de paisagens misteriosas, lembrando filmes fantásticos do cinema terrestre. Picos muitos altos, vegetação esquisita, aves de aspecto horripilante...
Aniceto explicou que aquele mundo é continuação da Terra... 






Depois de algum tempo de marcha, viram ao longe um grande castelo iluminado: era um dos Postos de Socorro de Campo da Paz
Campo da Paz - A conselho de Aniceto, o grupo interrompeu os efeitos luminosos de seus corpos espirituais, para não humilhar os que sofrem com a exibição de seus recursos. A excursão tornou-se menos agradável. Eles desciam através de despenhadeiros de longa extensão. A sombra fizera-se mais densa e a ventania mais lamentosa e impressionante. Depois de algum tempo de marcha, viram ao longe um grande castelo iluminado: era um dos Postos de Socorro de Campo da Paz. Pesados muros cercavam o Posto. Aniceto moveu imperceptível campainha, disfarçada na muralha. Dentro do Posto, pomares e jardins maravilhosos perdiam-se de vista. A sombra aí já não era tão intensa. Eles se sentiam banhados em suavidade crepuscular, graças aos grandes focos de luz radiante. pavilhões de vulto alinhavam-se como se estivessem diante de prodigioso educandário. Árvores senhoris, semelhantes ao carvalho, se enfileiravam. Havia mais luz no céu e o vento era mais fagueiro. Aniceto explicou que a paz refletia ali o estado mental dos que viviam naquele pouso de assistência fraterna. "A Natureza é mãe amorosa em toda parte, acentuou o instrutor, mas cada lugar mostra a influenciarão dos filhos de Deus que o habitam." 







Estudo do Capítulo 12 – A palavra de Monteiro



Nessa primeria parte do estudo, do capítulo 1 ao 13, recebemos orientação para o despertar de nossa consciência espiritual. Absorvendo conhecimento para a educação do espírito e para a prática do bem. 
Assim refletimos sobre o esforço necessário na reforma íntima, através dos testemunhos de médiuns (desencarnados) que, tendo partido do "Nosso Lar", com tarefas específicas, não conseguiram cumpri-las;  no retorno (pela desencarnação), seus relatos são pungentes e esclarecedores...



Novo alerta, enérgico, aos médiuns doutrinadores e aos dirigentes de reuniões mediúnicas. É recomendada a força do exemplo e não a palavra lustrosa... O comportamento do médium na atividade profissional do comércio deve guardar paralelo com a conduta cristã, principalmente com a paciência.



Ele também partira de "Nosso Lar", em missão de entendimento espiritual, quase na mesma ocasião em que Belarmino voltou à carne. Monteiro tivera a própria mãe como orientadora. Sob seu controle, estavam alguns médiuns de efeitos físicos, de psicografia e de incorporação. Mas era tal o fascínio que o intercâmbio mediúnico exercia sobre ele, que acabou se distraindo por completo quanto à essência moral da doutrina.



Era um doutrinador implacável. Chegara a estudar longos trechos das Escrituras, para utilizá-los na conversa com ex-sacerdotes católicos que compareciam às sessões mediúnicas em estado de ignorância e perturbação. Acendia luzes para os outros, preferindo, porém, os caminhos escuros para si, esquecendo a si mesmo. Pregava a paciência dentro do grupo, mas era impaciente lá fora. Concitava os espíritos à serenidade, mas repreendia sem indulgência as senhoras humildes que não continham o pranto de alguma criança enferma presente à reunião. 




E no comércio era inflexível com seus devedores. Passava os dias no escritório estudando a melhor forma de perseguir os clientes em atraso, e à noite ia ensinar o amor aos semelhantes, a paciência e a doçura, exaltando o sofrimento e a luta como estradas benditas de preparação para Deus. Na verdade, estava cego, esquecido de que a existência terrestre é, por si só, uma sessão permanente. Quando a angina o levou à morte, encontrava-se absolutamente distraído da realidade essencial. Voltou à vida espiritual qual demente necessitado de hospício. O raciocínio pedia socorro divino, mas o sentimento agarrava-se a objetivos inferiores. Viu-se, assim, rodeado de Espíritos malévolos que lhe repetiam longas frases de suas sessões mediúnicas. Eles, irônicos, lhe recomendavam serenidade, paciência e perdão e perguntavam por que ele não se desgarrava do mundo, estando já desencarnado. A revolta tomou conta de sua alma e, mais tarde, quando já estava recolhido em "Nosso Lar", exigiu explicações para o seu estado, visto que não se considerava fracassado. Veneranda, um dia, foi visitá-lo em momento que reservara a descanso. Monteiro crivou seus ouvidos de lamentações e ela o ouviu, pacientemente, por duas horas. Quando o ex-doutrinador se calou, Veneranda sorriu e disse: "Monteiro, meu amigo, a causa da sua derrota não é complexa, nem difícil de explicar. Entregou-se você excessivamente ao Espiritismo prático, junto dos homens, nossos irmãos, mas nunca se interessou pela verdadeira prática do Espiritismo junto de Jesus, nosso Mestre". Aquelas palavras, como um vulcão, mudaram por completo a atitude mental do ex-doutrinador fracassado.  

Estudo do Capítulo 13 – Ponderações de Vicente

Citando Jesus como Mestre e Médico, o capítulo expõe os perigos que aguardam os médicos que fazem mercantilismo de tão sagrada profissão.




Plano Piloto da Cidade Espiritual Nosso Lar - localização dos Ministérios

Temos  aqui  dois Ministérios  Celestiais,  como o  da  Elevação e  o da  União  Divina,  cuja influenciação santificante eleva o padrão dos nossos pensamentos sem que o percebamos de maneira direta. O estágio aqui, André, representa uma bênção do  Senhor,  e,  por  muito  que  trabalhássemos,  nunca  retribuiríamos  a esta colônia na  medida  de  nosso  débito para  com  ela.  Nossa  situação  é a de abrigados em verdadeiro paraíso, pelo ensejo de serviço edificante que se nos oferece. Quanto a outros companheiros nossos...



A  saúde  humana  é patrimônio divino  e  o  médico  é  sacerdote  dela.  Os  que  recebem  o  título profissional, em nosso quadro de realizações sem dele se utilizarem a bem dos semelhantes, pagam caro a indiferença. Os que dele abusam são, por sua vez, situados  no  campo do  crime.  Jesus  não  foi  somente o  Mestre, foi  Médico também.  Deixou  no  mundo  o  padrão  da  cura para  o  Reino  de  Deus.  E proporcionava  socorro  ao  corpo e ministrava  fé às  almas.  Nós,  porém, meu caro  André,  em muitos casos  terrestres,  nem  sempre  aliviamos  o  corpo  e quase sempre matamos a fé.


Engolfara-me em  pensamentos  grandiosos,  quando o  companheiro voltou a falar:
— Tenho um  amigo, nosso  colega de  profissão, que  se encontra nas zonas  inferiores,  há alguns  anos,  atormentado por  dois  inimigos  cruéis.
Acontece que ele muito faliu como homem e médico. Era cirurgião exímio, mas, tão logo alcançou renome e respeito geral, impressionou-se com as aquisições monetárias e caiu desastradamente. Nos dias de grandes negócios financeiros, deslocava a mente das obrigações veneráveis, colocando-a distante, na esfera dos  banqueiros comuns.  Não  fosse a  proteção  espiritual,  essa  atitude  teria comprometido  oportunidades  vitais  de  muita  gente.  A  colaboração  do pobre amigo  tornara-se  quase  nula,  e alguns  desencarnados  nas  intervenções cirúrgicas que ele praticava, notando-lhe a  irresponsabilidade, atribuíram-lhe a causa  da  morte  física,  quando não a  esperavam  votando-lhe  ódio  terrível.
Amigos  do  operador  prestaram  esclarecimentos  justos  a  muitos;  entretanto, dois deles, mais ignorantes e maldosos, perseveraram na estranha atitude e o esperaram no limiar do Sepulcro.
Horrível — exclamei. Se ele, porém, não é culpado da desencarnação desses adversários gratuitos, como pode ser atormentado desse modo?
Explicou Vicente, em tom mais grave:
  Realmente,  não  tem  a  culpa  da  morte deles.  Nada  fez  para interromper-lhe a  existência  física.  Mas  é  responsável  pela  inimizade e incompreensão criadas na mente dessas pobres criaturas, porque, não estando seguro do seu dever, nem tranqüilo com a consciência, o nosso amigo julga-se culpado,  em  razão das  outras  falhas  a que  se entregou  imprevidentemente.
Todo erro  traz  fraqueza e,  assim  sendo,  o nosso  colega,  por  enquanto não adquiriu  forças  para  se desvencilhar  dos  algozes  perante  a  Justiça  Divina, portanto, ele não resgata crimes inexistentes, mas repara certas faltas graves e aprende a conhecer-se a si mesmo, a entender as obrigações nobres e práticá-las,  compreendendo,  por  fim,  a  felicidade  dos  que  sabem  ser  úteis  com segurança de fé em Deus e em si mesmos.


A noção do dever bem cumprido, André ainda que  todos  os  homens  permaneçam  contra nós, é  uma  luz  firme para  o  dia  e abençoado  travesseiro  para  a  noite.  O  nosso  colega,  tendo abusado da profissão entrou em dolorosa prova.
— Ah! sim — exclamei  .—, agora compreendo. Onde exista uma falta, pode haver muitas  perturbações. Quando  apagamos a  luz,  podemos cair  em qualquer precipício.
— Justamente.
Calou-se  o  amigo,  andando,  muito  tempo  ao  meu  lado,  como  se estivesse surpreendido, como eu, defrontando as avenidas de rosas. Depois de longas meditações, convidou-me fraternalmente:
— Regressemos ao nosso núcleo. Creio devamos ouvir Aniceto, ainda hoje, referentemente ao serviço comum.



Estudo do Capítulo 11 – Belarmino, o doutrinador



É citada profunda conceituação de missão educativa. A doutrinação, no campo do Espiritismo evangélico, é aqui exposta com clareza. Mostra como o médium doutrinador exigente, propenso ao mando, vaidoso do saber, desconfiado dos companheiros de reunião mediúnica, logo adentrará no negativismo. Estará sujeito a múltiplas enfermidades, além de sentir um deserto no coração.
As  lições  eram  eminentemente  proveitosas.  Traziam-me novos conhecimentos e, sobretudo, com elas, admirava cada vez mais, a bondade de Deus, que nos permitia a todos a restauração do aprendizado para serviços do futuro. Em muitos de nós havia zonas purgatórias de sombra e tormento íntimo. Uns  mais,  outros  menos.  

 Bastara, contudo,  o  reconhecimento de  nossa pequenez,  a  compreensão  do  nosso  imenso  débito e  ali  estávamos, todo reunidos  em  “Nosso  Lar”,  reanimando energias  desfalecidas  e  reconstituindo programas  de  trabalho.  Eu  via  em  todos  os companheiros  presentes  o reflorescimento da esperança. Ninguém se sentia ao desamparo.
  


Conversa de André com Vicente:
Observando que  numerosos  médiuns  prosseguiam,  em  valiosa permuta  de  idéias, referentemente ao quadro de suas  realizações, e ouvindo  tantas observações sobre doutrinadores perguntei a Vicente, em tom discreto:
— Não seria possível, para minha edificação, consultar a experiência de algum  doutrinador  em  trânsito por  aqui?  Recolhendo  notícias  de  tantos médiuns com enorme proveito, creio não deva perder esta oportunidade.
Vicente refletiu um minuto e respondeu:
— Procuremos Belarmino Ferreira. É meu amigo há alguns meses. Segui o companheiro, através de grupos diversos. Belarmino  lá estava a  um  canto,  em  palestra  com  um  amigo.  Fisionomia grave,  gestos  lentos, deixava transparecer grande tristeza no olhar humilde. 

A missão do doutrinador é muitíssimo grave para qualquer homem. Não é  sem  razão que  se atribui  a  Nosso  Senhor  Jesus  o  título  de  Mestre.



Somente  aqui,  vim  ponderar  bastante esta  profunda  verdade.  Meditei muitíssimo,  refleti  intensamente  e  concluí  que,  para  atingirmos  uma ressurreição gloriosa,  não  há,  por  enquanto,  outro  caminho além  daquele palmilhado  pelo  Doutrinador  Divino.  É  digna de  menção  a  atitude dEle, abstendo-se de qualquer escravização aos bens terrestres. Não vemos passar  o  Senhor,  em  todo o  Evangelho,  se não  fazendo o  bem,  ensinando  o amor, acendendo a  luz,  disseminando a  verdade.
Nunca  pensou nisso? Depois  de longas meditações,  cheguei  ao  conhecimento de que na  vida  humana,  junto aos que administram e aos que obedecem, há os que ensinam. Chego, pois, a pensar que nas esferas da Crosta há mordomos, cooperadores e servos. Muito especialmente, os que ensinam devem ser dos últimos.

Duas colônias  importantes  que  nos  convizinham,  enviaram muitos servos para a mediunidade e pediram ao nosso Governador cooperasse com a remessa de missionários competentes para o ensino e a orientação.

Tarefa:
Deveria desempenhar atividades concernentes meu resgate pessoal e atender à tarefa honrosa,  veiculando  luzes  a  irmãos  nossos  nos  plano  visível  e  invisível.
Impunha-se-me  sobretudo,  o  dever  de  amparar  as  organizações mediúnicas, estimulando  companheiros  de  luta,  postos  na  Terra a  serviço  da  idéia imortalista.
Entretanto meu amigo, não consegui escapar à rede envolvente das tentações.
Circunstâncias várias,  que  me pareceram  casuais,  situaram-me o  esforço na presidência de um  grande grupo espiritista.  Os  serviços  eram  promissores,  as  atividades  nobres  e construtivas,  mas  enchi-me de  exigências,  levado pelo excessivo apego à posição de  comando do  barco  doutrinário.
Oito  médiuns,  extremamente  dedicados  ao  esforço evangélico,  ofereciam-me  colaboração  ativa.


Cerrei  os  olhos  à  lei  do  merecimento  individual,  olvidei  os  imperativos  do esforço  próprio  e,  envaidecido  com  os  meus  conhecimentos  do assunto, comecei  por  atrair  amigos  de  mentalidade  inferior  ao  nosso  círculo, tão  somente em virtude da  falsa posição que usufruíam na cultura  filosófica e na pesquisa científica. Insensivelmente, vicejaram-me na personalidade estranhos propósitos egoísticos.
Meus novos amigos queriam demonstrações de  toda a sorte e, ansioso por colher colaboradores na esfera da autoridade científica, eu exigia  dos  pobres  médiuns  longas  e  porfiadas  perquirições  nos  planos invisíveis.
O  resultado  era  sempre  negativo,  porque  cada homem  receberá, agora e no futuro, de acordo com as próprias obras. Isso me irritava. Instalou-se a dúvida em meu coração, devagarzinho. Perdi a serenidade doutro tempo.
Comecei  a  ver  nos  médiuns,  que  se  retraíam  aos  meus  caprichos, companheiros de má vontade e má  fé. Prosseguiam nossas  reuniões, mas da dúvida passei à descrença destruidora. 

O  Evangelho,  todavia,  é  livro  divino  e,  enquanto  permanecemos  na cegueira da vaidade e da  ignorância, não nos expõe seus  tesouros sagrados. Por  isso mesmo, tachava-o de velharia. E, de desastre a desastre, antes que me  firmasse  na  tarefa  de  ensinar,  os  amigos  brilhantes  do  campo  de cogitações  inferiores  da  Terra  arrastavam-me  ao  negativismo  completo.  Do nosso agrupamento então, onde poderia edificar construções eternas, transferi-me para o movimento,  não da política que eleva, mas  da politicalha  inferior, que impede o progresso comum e estabelece a confusão nos encarnados. Por isso estacionei muito tempo desviado dos meus objetivos fundamentais porque a escravidão ao dinheiro me transformou os sentimentos.


E assim foi, até que acabei meus dias com uma bela situação financeira no mundo e...  um  corpo  crivado  de enfermidades; um  palácio  confortável  de pedra e um deserto no coração. A  revivescência da minha  inferioridade antiga religou-me  a  companheiros  menos  dignos  no plano dos  encarnados  e desencarnados, e  o  resto o meu amigo poderá  avaliar: tormentos,  remorsos, expiações...
- Mas,  como  não  ser  assim? 
Como aprender  sem  a escola,  sem  retomar o bem e corrigir o mal? 



Estudo do Capítulo 9 – Ouvindo Impressões


André atento às conversações, com o objetivo de instruir-se:
Casos: Marina – Ernestina – Companheiro
Muitos grupos se mantinham em palestra interessante e educativa, observando que quase todos comentavam as derrotas sofridas na Terra. Alguns companheiros mantinham discreta permuta de pareceres.
Marina – não tinha o apoio da família, não conquistou o entendimento do marido e nem a colaboração efetiva das filhas. Diante desses fatos como ela conseguiria atender as obrigações mediúnicas.
Ernestina – a causa do seu desastre foi o medo. Tive medo de tudo e de todos. Não vigiei como deveria. O chamamento ao serviço foi no tempo certo. Orientando-me o raciocínio a melhores esclarecimentos, nossos instrutores me proporcionavam os mais santos incentivos, mas desconfiei dos homens, dos desencarnados e até de mim mesma. Tinha tanto receio das mistificações que prejudiquei a minha bela oportunidade de trabalho.
Companheiro – Relatava que faltou o amparo da esposa. Pois, enquanto ao lado da esposa, era profundo o equilíbrio em minhas forças psíquicas. A companhia dela, sem que eu pudesse explicar, compensava-me todo o gasto de energia mediúnica. Minha noção de balanço estava nas mãos de minha querida Adélia. Não aprendi a ciência da conformação e nem me resignei a percorrer sozinho as estradas humanas. Quando a esposa morreu, amendroutou-se, ficou desiquilibrado, e erradamente, procurei substituí-la e fui acidentado. Extremamente ligado a entidades malfazejas, minha segunda mulher, com os seus desvarios, arrastou-me a perversões sexuais de que nunca me supusera capaz. Começou bem e acabou mal.
Ponderou uma das senhoras que parecia mais segura de si, - sempre temos recursos e pretextos para fugir às culpas. Encaremos nossos problemas com  realismo. Talvez pudesse conquistar o entendimento do esposo e a colaboração afetuosa das filhas, se trabalhasse em silêncio, mostrando sincera disposição para o sacrifício.
Mariana concordava com a observação. Em verdade, nunca pude sofrer a incompreensão dos meus sem reclamar.
Para trabalharmos com eficiência – tornou a companheira sensata –, é preciso saber calar antes de tudo. Teríamos atendido perfeitamente aos nossos deveres, se tivéssemos usado todas as receitas de obediência e otimismo que fornecemos aos outros. Aconselhar é sempre útil, mas aconselhar excessivamente pode traduzir esquecimento de nossas obrigações.
Construir com Jesus
Fomos preparados para resgatar antigos débitos e efetuar edificações novas. Fomos ao círculo carnal para construir com JESUS, mas caímos na tolice de acreditar que andávamos pela Terra para discutir nossos caprichos. Não executei minha tarefa mediúnica, em virtude da irritação que me dominou, dada a indiferença dos meus familiares pelos serviços espirituais. Deixei espaço para a mente rebelde e enfermiça. Passei o tempo inutilizada para qualquer trabalho de elevação espiritual.
É indispensável contar com o assédio de todos os elementos contrários. Ironias da ignorância, ataques da insensatez, sugestões inferiores da nossa própria animalidade surgirão, com certeza, no caminho de todo trabalhador fiel. São circunstâncias lógicas e fatias do serviço, porque não vamos ao mundo físico para descanso injustificável, mas para lutar pela nossa melhoria, a despeito de todo impedimento fortuito.
Ouvimos o relato dos companheiros que já expiaram nas regiões inferiores, mas aguardam novos recursos da Providência.
REFLEXÃO:
“Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas inclinações más”. (Cap. XVII, ESE)
Parábola do semeador
“Aquele, porém que recebe a semente em boa terra é o que escuta a palavra, que lhe presta atenção e em quem ela produz frutos”. (Cap. XVII, ESE)

919. Qual o meio prático mais eficaz para se melhorar nesta vida e resistir ao arrastamento do mal?
- Um sábio da Antigüidade vos disse: "Conhece-te a ti mesmo".
A questão 919 do Livro dos Espíritos, que aborda o tema "Conhecimento de si mesmo", foi respondida pelo espírito Santo Agostinho.
Estudo do Capítulo 10 – A Experiência de Joel 


Afastando-nos  para  um  canto  do  salão,  acompanhei  Vicente que se a um velhote de fisionomia simpática.
- Então, meu caro Joel, como vai? - perguntou, atencioso.
O interpelado teve uma expressão melancólica e informou:
- Graças à Bondade Divina, sinto-me bastante melhorado. Tenho ido mente as aplicações magnéticas dos Gabinetes de Socorro, no Auxílio, e mais forte.
- Cederam as vertigens? - indagou o companheiro, com interesse.
- Agora  são  mais  espaçadas  e,  quando  surgem,  não  me  afligem  o  com tanta intensidade.
Nesse instante, Vicente descansou os olhos muito lúcidos nos meus, e sorrindo:
- Joel também andou nos círculos carnais em tarefa mediúnica e pode  experiência muito interessante.
O  que  mais  me  impressionou  no  caso  dele,  porém - interpôs Vicente em  tom  fraterno - é a moléstia que o acompanha até aqui e persiste ainda agora. Joel atravessou as  regiões  inferiores com dificuldades extremas, após demorar porém muito tempo, voltando ao Ministério do auxílio perseguido de alucinações estranhas, relativamente ao pretérito.
- Ao passado? - perguntei, surpreendido
- Sim - esclareceu humilde -,  minha  tarefa  mediúnica exigia sensibilidade mais apurada e, quando me comprometi executar o serviço, fui ao Ministério  do Esclarecimento  onde me  aplicaram  tratamento especial que me aguçou as percepções. Necessitava condições sutis para o desempenho  dos futuros  deveres.  Assistentes  amigos  desdobraram-se em  obséquios,  por  me favorecerem  e parti  para a  Terra  com  todos  os  requisitos  indispensáveis  ao êxito de minhas benevolências, porém...
- Mas  por  que - indaguei - perdeu as  realizações?  Tão  só em virtude da sensibilidade adquirida?
Joel sorriu e obtemperou:
- Não perdi pela sensibilidade, mas pelo seu mau uso.
- Que diz? - tornei, admirado.
- O  meu amigo  compreendeu  sem  dificuldades. Imagine,  com  um cabedal  dessa  natureza,  ao  invés  de auxiliar  os  outros,  perdi-me a  mim mesmo. É que, segundo concluo agora, Deus concede a sensibilidade apurada como  espécie de  lente poderosa,  que o  proprietário deve  usar  para definir roteiros, fixar  perigos  e  vantagens  do  caminho,  localizar  obstáculos comum ajudando ao próximo e a si mesmo. Procedi, porém ao  inverso. Não utilizei a lente  maravilhosa de  um modo  muito  justo.  Deixei-me  empolgar  pela curiosidade doentia, apliquei-a tão somente para dilatar minhas sensações. No quadro  dos  meus  trabalhos mediúnicos,  estava  a  recordação  de  existências pregressas como  expressão  indispensável  ao  serviço de  esclarecimento coletivo e  benefício  aos  semelhantes,  que  me  fora  concedido  realizar,  mas existe uma  ciência de  recordar, que não  respeitei  como devia.

Bafejaram-me claridades espirituais de elevada expressão.  Desenvolveu-se-me a  clarividência,  mas  não  estava  satisfeito senão por rever meus companheiros visíveis e  invisíveis, no setor das velhas lutas  religiosas. Impunha a mim mesmo a  obrigação de   cada  um  deles  no tempo, fazendo  questão de  as  fichas  biográficas,  sem  cuidar  do  verdadeiro aproveitamento no campo do  trabalho construtivo.


Não  faltaram generosas advertências. Freqüentemente, os colegas do nosso grupo espiritista chamavam-me a atenção para os problemas sérios de nossa  casa.  Eram  sofredores  que nos  batiam  à porta,  situações  que reclamavam testemunho cristão. Tínhamos um abrigo de órfãos em projeto, um ambulatório que  começava  a  nascer  e,  sobre  tudo,  serviços semanais  de instrução evangélica,  nas  noites  de  terças e  sextas-feiras. Mas,  qual!  eu não queria saber senão das minhas descobertas pessoais.

Contrariamente a expectativa dos abnegados amigos que me auxiliaram na obtenção  da  oportunidade  sublime,  não me movi  no  concurso  fraterno  e desinteressei-me  da  doutrina  consoladora,  que  hoje  revive o  Evangelho de Jesus  entre  os  homens.  Somente procurei,  a  rigor,  os  que  se encontravam afins comigo,  desde  o pretérito.  Nesse propósito,  descobri,  com  evidentes sinais  de  identidade,  personalidades  outrora  eminentes,  em  relação  comigo. Reconheci o senhor Higino de Salcedo, grande proprietário de  terras, que me havia sido magnânimo protetor, perante as autoridades religiosas da Espanha, reencarnado como proletário inteligente e honesto, mas em grande experiência de  sacrifício  individual.  Revi  o  velho  Gaspar  de  Lorenzo, figura  solerte  de inquisidor  cruel,  que  me quisera  muito  bem,  reencarnado  como  paralítico  e cego de nascença. E desse modo, meu amigo, passei a existência, de surpresa em  surpresa, de sensação  em  sensação. 

Nesse momento, porém, o interlocutor empalideceu de súbito. Os olhos, desmesuradamente  abertos,  vagavam  como  se  fixassem  quadros impressionantes, muito  longe da  nossa  perspectiva.  Depois  cambaleou, mas Vicente o amparou de pronto, e, passando a destra na  fronte, murmurava em voz firme:
- Joel!  Joel!  Não  se  entregue  às  impressões  do passado!  Volte ao Presente de Deus!...
Profundamente  admirado notei  que  o  convalescente  regressava a expressão normal, esfregando os olhos.







Estudo do Capítulo 7 – A queda de Otávio





André Luiz tinha o desejo de alcançar novos valores educativos sobre a tarefa mediúnica. Ouvia impressionado as observações de Otávio. Pois quando no mundo, André não tivera contacto especial com as escolas espiritualistas e experimentava certa dificuldade para compreender tudo quanto Otávio desejava dizer. André ignorava a extensão das responsabilidades mediúnicas.
André pergunta ao amigo Otávio, o que teria motivado seu martírio moral? Noto-o tão consciente de si mesmo, tão superiormente informado sobre as leis da vida, que me custa acreditar se encontre necessitado de novas experiências nessas atividades.
Otávio, que aparentava 40 anos, relata a André sua queda no trabalho mediúnico, pois perdeu maravilhosa oportunidade de elevação. Pois tudo foi combinado, voltou, não só prometendo fidelidade aos seus instrutores, como também hipotecando a certeza do seu devotamento às seis entidades amigas a quem muito devia.

Sua preparação em Nosso Lar, antes de reencarnar na Terra.

Otávio contraiu dívidas enormes na esfera carnal. Em outro tempo, bateu às portas de “Nosso Lar”, sendo atendido por irmãos dedicados, que se revelaram incansáveis para ajudá-lo. Durante 30 anos consecutivos foi preparado em “Nosso Lar” para voltar a Terra em tarefa mediúnica, desejoso de saldar suas contas e elevar-se alguma coisa.
- Conheceu o roteiro certo, que o Pai designou para suas lutas na Terra.
- Tinha considerável cultura evangélica.
- Recebeu estímulos santos ao seu coração imperfeito.
- Recebeu um corpo físico rigorosamente sadio.
- Foi concedido trabalho de relevo na esfera física de consolação às criaturas.
- Permaneceu junto dos colaboradores encarnados no Brasil.
- O matrimônio não deveria entrar na linha de suas cogitações. (obs.: Não que o casamento possa colidir com o exercício da mediunidade, mas porque no caso de Otávio, em particular, assim o exigia.)
- Solteiro, deveria receber, aos 20 anos, os 6 amigos que muito trabalharam por ele em Nosso Lar, os quais chegariam ao seu círculo como órfãos. (obs.: Seu débito com essas entidades tornou-se muito grande, a providência não só constituiria agradável resgate para ele, como também, garantia de triunfo pelo serviço de assistência a elas, o que preservaria seu coração de leviandades e vacilações.)
- Ficou assentado que muitas atividades novas começariam com muitos sacrifícios, para que o possível carinho de outrem não amolecesse a sua fibra de realizações, e para que não escravizasse sua tarefa a situações caprichosas do mundo.
- Mais tarde, então, com o correr dos anos de edificação, seria enviado de “Nosso Lar” socorros materiais, cada vez maiores, à medida que ele fosse testemunhando renúncia de si mesmo, desprendimento das posses efêmeras, desinteresse pela remuneração dos sentidos, de maneira a intensificar, progressivamente, a semeadura de AMOR confiada às suas mãos.

Reencarnado na Terra:

A famíla: Sua mãe, verdadeira serva de Jesus, era espiritista cristã desde moça, seu pai, com tendências materialistas, mas um homem de bem.
Aos treze anos ficou órfão de mãe, e aos quinze começaram os primeiros chamados da esfera superior. Nessa ocasião, seu pai contraiu segundas núpcias e, apesar da bondade e cooperação que a madrasta lhe oferecia, ele se colocava num plano de falsa superioridade, a respeito dela. Em vão, sua genitora endereçou, do invisível, apelos sagrados ao seu coração. Otávio vivia revoltado, entre queixas e lamentações descabidas. Seus parentes conduziram-lhe a um grupo espírita de excelente orientação evangélica onde suas faculdades poderiam ser postas a serviço dos necessitados e sofredores; entretanto, faltavam-lhe qualidades de trabalhador e companheiro fiel. Sua negação em matéria de confiança nos orientadores espirituais e acentuado pendor para a crítica dos atos alheios compeliam-lhe a desagradável estacionamento.
Os beneméritos amigos do invisível estimulavam ao serviço, mas ele duvidava deles com a sua vaidade doente. Como prosseguissem os apelos sagrados, por ele interpretados como alucinações, procurou um médico que lhe aconselhou experiências sexuais. Completara, então, dezenove anos e entregou desenfreadamente ao abuso de faculdades sublimes. Desejava conciliar, a força, o prazer delituoso e o dever espiritual, alheando-se, cada vez mais, dos ensinos evangélicos que os amigos da esfera superior ministravam.
Com pouco mais de vinte anos, seu pai foi arrebatado pela morte. Com a triste ocorrência, ficavam na orfandade seis crianças desfavorecidas, porquanto sua madrasta, ao se consorciar com pai de Otávio, trouxera para a tutela três pequeninos. Em vão implorou-lhe socorro a pobre viúva. Nunca me dignei aceitar os encargos redentores que me estavam destinados. Após dois anos de segunda viuvez, minha desventurada madrasta foi recolhida a um leprosário. Otávio se afastou, então, dos pequenos órfãos, tomado de horror. Abandonou definitivamente, sem refletir que lançava seus credores generosos, de “Nosso Lar”, a destino incerto. Em seguida, dando largas a ociosidade, com uma ação menos digna e foi obrigado a casar pela violência. Mesmo assim, porém, persistiam os chamados do invisível, revelando-lhe a inesgotável misericórdia do Altíssimo. Contudo, à medida que olvidava seus deveres, toda tentativa de realização espiritual figurava mais difícil. E continuou a tragédia que inventou para seu próprio tormento. A esposa a que se ligara, tão somente por apetites inconfessáveis, era criatura muito inferior à sua condição espiritual e atraiu uma entidade monstruosa, em ligação com ela, para tomar o papel de seu filho. Releguei à rua seis carinhosas crianças, cuja convivência concorreria decisivamente para minha segurança moral, mas a companheira e o filho, ao que pareceu, incumbiram-se da vingança. Atormentaram-lhe ambos, até ao fim da existência, quando para Nosso Lar regressou. Mal tendo completado quarenta anos, roído pela sífilis, pelo álcool e pelos desgostos… sem nada haver feito para seu futuro eterno… Sem construir coisa alguma no terreno do bem…
Otávio: – Como vê, realizei todos os meus condenáveis desejos, menos os desejos de Deus. Foi por isso que fali, agravando antigos débitos.
André: Abracei-o com simpatia fraternal, ansioso de proporcionar estímulo ao coração, mas Dona Isaura aproximou-se mais, acariciou-lhe a fronte e falou:
— Não chores, filho! Jesus não nos falta com a bênção do tempo. Tem calma e coragem…
E identificando-lhe o carinho, meditei na Bondade Divina, que faz ecoar o cântico sublime do amor de mãe, mesmo nas regiões de além-morte.

Reflexão de Otávio:

- As tarefas espirituais ocupam-se de interesses eternos e daí a enormidade de sua falta. Os aprendizes ou beneficiários, nos tempos da Revelação nova, podem referir-se a determinados impedimentos; mas o missionário é obrigado a caminhar com um patrimônio de certezas tais, que coisa alguma o exonera das culpas adquiridas.
- Tinha amigos generosos no plano superior, que se faziam visíveis aos meus olhos, recebia mensagens repletas de amor e sabedoria, e no entanto, cai mesmo assim, obedecendo a IMPREVIDÊNCIA e a VAIDADE.

Estudo do Capítulo 8 – O desatre de Acelino



 



Acelino – Recebe conforto e amparo da equipe de “Nosso Lar”.
André Luiz, então conhece Acelino que partilhara a mesma experiência de Otávio.
(Acelino conversa com Otávio) -  Não  chore,  meu  caro.  Você  não  está  desamparado.  Além  disso, pode contar com o devotamento materno. Vivo em piores condições, mas não me  faltam  esperanças.  Sem  dúvida,  estamos  em  bancarrota  espiritual;  no entanto,  é  razoável  aguardarmos,  confiantes,  um  novo empréstimo de oportunidades do Tesouro Divino. Deus não está pobre.
- Não sou um criminoso para o mundo, mas sou um falido para Deus e para “Nosso Lar”.
- Sejamos, porém, lógicos — revidou  Acelino,  parecendo  mais encorajado — você perdeu a partida porque não  jogou, e eu a perdi jogando desastradamente.  Tive  onze anos  de  tormento  nas  zonas  inferiores.  Sua situação não reclamou esse drástico. Mesmo assim, confio na Providência.
Nesse instante, interveio Vicente, acrescentando:
- Cada um de nós tem a experiência que lhe é própria. Nem todos ganham nas provas terrestres.
Vicente  voltando-se de modo especial, para André aduziu:
— Quantos de nós, os médicos, perdemos lamentavelmente na luta?
Depois de concordar, trazendo à baila o meu próprio caso, objetei:
- Seria, porém, muitíssimo  interessante  conhecer  a  experiência de Acelino.  Teria  sofrido o  mesmo acidente de Otávio? Creio de grande aproveitamento penetrar essas lições. No mundo, não compreendia bem o que fossem tarefas espirituais, mas aqui a nossa visão se modifica. Há que cogitar do nosso futuro eterno.
História de Acelino – sua experiência no trabalho mediúnico.
- Após formular grandes promessas aos nossos maiores, partiu de “Nosso Lar”para uma grande cidade Brasileira, em serviço de nossa colônia.
- Recebeu valioso patrimônio instrutivo. Seguiu enriquecido de bênçãos.
- Tudo foi feito para a saúde do corpo e o equilíbrio da mente.
- O casamento estava em seu roteiro, Ruth, devotada companheira, colaborava para melhor desempenho das tarefas.
- 20 anos de idade foi chamado à tarefa mediúnica. (com enorme amparo dos benfeitores invisíveis).
- A vidência, a audição e a psicografia, que o Senhor concedeu-me por misericórdia, constituíam decisivos fatores de êxito em nossas atividades.
- Apesar das lições maravilhosas de amor evangélico, inclinou-se a transformar suas faculdades em fonte de renda material.
- Não me dispus a esperar pelos abundantes recursos que o Senhor me enviaria mais tarde, após meus testemunhos no trabalho, e provoquei eu mesmo, a solução dos problemas lucrativos.
- Amigos Espirituais aconselhavam o melhor caminho. Em vão, agarrei-me ao interesse inferior e fixei-me meu ponto de vista.
- Arbitrei o preço das consultas, com bonificações especiais, aos pobres e desvalidos da sorte. Grande número de famílias abastadas tomou-me por consultor habitual para todos os problemas. Interesse enorme foi despertado: melhoras físicas e solução de negócios materiais.
- As lições de espiritualidade superior, a confraternização amiga, o serviço redentor do Evangelho e as preleções dos emissários divinos ficaram a distância.
- NÃO mais a escola da virtude, do amor fraterno, da edificação superior e SIM a concorrência comercial, as ligações humanas legais ou criminais, os caprichos apaixonados, os casos de polícia e todo um cortejo de misérias da Humanidade, em suas experiências menos dignas. Transformara-se completamente a paisagem espiritual que me rodeava. A força de me cercar de pessoas criminosas, por questões de ganho sistemático, as baixas correntes mentais dos inquietos clientes encarceram-me em sombria cadeia psíquica.
- Transformei a mediunidade em fonte de palpites materiais e baixos avisos.
- A morte chegou. Desde o instante da grande transição, a ronda escura dos consulentes criminosos, que haviam precedido no túmulo, rodeou-me a reclamar palpites e orientações de natureza inferior. Queriam notícias de cúmplices encarnados, de resultados comerciais, de soluções atinentes a ligações clandestinas.
- Gritei, chorei, implorei, mas estava algemado a eles, por sinistros elos mentais, em virtude da imprevidência na defesa do meu próprio patrimônio espiritual. Durante 11 anos consecutivos nas zonas inferiores, expiei a falta, entre eles, entre remorso e a amargura.
Reflexão de Acelino:
Acelino  calou-se,  parecendo  mais  comovido,  em  vista  das  lágrimas abundantes. Fundamente sensibilizado, Vicente considerou:
  Que  é  isso?  Não  se  atormente  assim.  Você não  cometeu assassínios,  nem  alimentou a  intenção deliberada de espalhar o mal. A meu ver, você enganou-se também, como tantos de nós.
Acelino, porém, enxugou o pranto e respondeu:
— Não fui homicida nem ladrão vulgar, não mantive o propósito  íntimo de ferir ninguém, nem desrespeitei alheio lares, mas, indo aos círculos carnais para servir  às criaturas  de  Deus,  nossos  irmãos,  auxiliando  no  crescimento espiritual  com  Jesus,  apenas  fiz  viciados  da  crença  religiosa e delinqüentes ocultos, mutilados da fé e aleijados do pensamento. Não tenho desculpas, porque estava esclarecido, não tenho perdão, porque não me faltou assistência divina.
E, depois de longa pausa, concluiu gravemente:
— Podem avaliar a extensão da minha culpa?

- Ao primeiro chamado da esfera superior, acorri, apressado. Sentia, intuitivamente, a vívida lembrança de minhas promessas em “Nosso Lar”. Tinha o coração  repleto de propósitos sagrados. Trabalharia muito  longe a vibração das  verdades  eternas.  Contudo,  aos  primeiros  contatos  com  o  serviço,  a excitação química fez rodar o mecanismo de minhas recordações adormecidas, como  o disco  sob  a  agulha  da  vitrola,  e  lembrei  toda  a  minha penúltima existência, quando envergara a batina, sob o nome de Monsenhor Alexandre Pizarro, nos últimos períodos da  Inquisição Espanhola. Foi, então, que abusei da lente sagrada a que me referi. A volúpia das grandes sensações, que pode ser  tão prejudicial  como o uso  do álcool  que embriaga os sentidos, fêz-me olvidar os deveres mais santos.



Estudo do Capítulo 5 – Ouvindo Instruções


A terminologia médium advém do latim, médium, ou seja: meio, intermediário. Pessoa que pode servir de intermediário entre os Espíritos e os homens conforme instrui Allan Kardec.
Telésforo, antigo lidador da Comunicação, que pediu a presença de todos os aprendizes do trabalho de intercâmbio entre nós e os irmãos encarnados. Na palestra de Telésforo a conversa seria sobre as necessidades da representação de nossa colônia nos trabalhos terrestres. Aqui se encontram companheiros fracassados nas intenções mais nobres e irmãos outros desejosos de colaborar nas tarefas que condizem com as nossas responsabilidades atuais. Referimo-nos às laboriosas atividades da Comunicação, no plano carnal. Vemos nesta reunião grande parte dos cooperadores de "Nosso Lar", que faliram nas missões da mediunidade e da doutrinação, bem como outros muitos colegas que se preparam para provas dessa natureza nos círculos da Crosta.
Nossa  repartição  vem  promovendo  grande  movimento  de auxílio  a irmãos encarnados  e desencarnados, que  se  revelam  incapazes  de qualquer ação além da superfície terrestre.

Nossa  tarefa é  enorme.  Precisamos  ditar  ensinamentos  novos, relativamente à preparação dos  que habitam nossa  colônia, considerando  os esforços e realizações do presente e do porvir.
É  indispensável  socorrer  os  que enfrentam,  corajosos,  as  profundas transformações do planeta.

As  transições  essenciais  da  existência na  Terra encontram  a maioria dos  homens absolutamente distraídos  das  realidades  eternas. A  mente humana abre-se,  cada vez  mais,  para  o  contacto  com  as  expressões indivisíveis, dentro das quais funciona e se movimenta. Isto é uma  fatalidade evolutiva. Desejamos  e necessitamos  auxiliar  as criaturas  terrestres;  todavia, contra a extensão de nosso concurso  fraterno, operam dilatadas correntes de incompreensão. Não relacionamos  apenas  a  ação  da  ignorância  e  da perversidade. Agem, contraditoriamente,  nesse particular,  grande número de forças do próprio espiritualismo. Combatem-nos algumas escolas cristãs, como se não colaborássemos com o Mestre Divino. A Igreja Romana classifica-nos a cooperação como diabólica.  A Reforma Luterana, em  seus matizes variados, persegue-nos  a colaboração amistosa.  E    correntes  espiritualistas  de elevado teor educativo, que nos malsinam a influência, por quererem o homem aperfeiçoado de um dia para outro, rigorosamente redimido a golpe instantâneo da vontade, sem realização metódica.
No campo de nosso conhecimento da vida, não podemos condená-los pelo desentendimento atual. O catolicismo romano tem suas razões ponderáveis; o protestantismo é digno de nosso acatamento; as escolas espiritualistas possuem notáveis edificações. Toda expressão religiosa é sagrada, todo movimento superior de educação espiritual é santo em si mesmo. Temos, então diante de nós, a incompreensão dos bons, que constitui dolorosa prova para todos os trabalhadores sinceros, porque, afinal, não estamos fazendo obra individual e sim promovendo movimento libertador da consciência humana, a favor da própria idéia religiosa do mundo.
Sacerdotes  e  Intérpretes  dos  núcleos  organizados  da  religião e da filosofia, não percebem ainda que o espírito da Revelação é progressivo, como a alma  do homem.  As concepções  religiosas  se elevam  com  a  mente da criatura. Muitas igrejas  não  compreendem,  por  enquanto,  que  não devemos espalhar  a  crença nos  tormentos  eternos  para  os  desventurados,  e  sim  a certeza de que há homens infernais criando infernos para si mesmos.

REFLEXÃO:

Na questão 159 do Livro dos Médiuns.  Todo aquele que sente, num grau qualquer, a  influência dos Espíritos é, por esse fato, médium. Essa faculdade é inerente ao homem; não constitui, portanto, um privilégio exclusivo. Por isso mesmo, raras são as pessoas que dela não possuam alguns rudimentos. Pode, pois, dizer-se que todos são, mais ou menos, médiuns. Todavia, usualmente, assim só se qualificam aqueles em quem a faculdade mediúnica se mostra bem caracterizada e se traduz por efeitos patentes, de certa intensidade, o que então depende de uma organização mais ou menos sensitiva. E de notar-se, além disso, que essa faculdade não se revela, da mesma maneira, em todos. Geralmente, os médiuns têm uma aptidão especial para os fenômenos desta, ou daquela ordem, donde resulta que formam tantas variedades, quantas são as espécies de manifestações.
As principais são:  a dos médiuns de efeitos físicos; a dos médiuns sensitivos, ou impressionáveis; a dos audientes; a dos videntes; a dos sonambúlicos; a dos curadores; a dos pneumatógrafos; a dos escreventes, ou psicógrafos.
 
Na questão 459 do Livro dos Espíritos, temos: – Influem os Espíritos em nossos pensamentos e em nossos atos?
“Muito mais do que imaginais. Influem a tal ponto, que, de ordinário, são eles que vos dirigem.”
Estudo do Capítulo 6 – Advertências Profundas


Outras colônias  de nossa esfera providenciam tarefas da mesma natureza, mas pouquíssimos são os que se  lembram das  realidades eternas, no  “outro  lado  do  véu”...  A  ignorância  domina a  maioria das consciências encarnadas. E a  ignorância é mãe das misérias,  das  fraquezas,  dos crimes. Grandes  Instrutores, nos  fluidos da carne, amedrontam-se por sua vez, diante dos atritos humanos, e se  recolhem,  indevidamente, na concepção que  lhes é própria.  Esquecem-se de que  Jesus  não  esperou que  os  homens  lhe atingissem as glórias magnificentes e que, ao  invés, desceu até ao plano dos homens para amar, ensinar e servir. Não exigiu que as criaturas se  fizessem imediatamente  iguais  a  Ele, mas  fêz-se  como os  homens,  para ajudá-los  na vida áspera.
E,  com  profundo  brilho no  olhar,  Telésforo  acentuou,  depois  de pequeno intervalo:
  Se  o  Mestre  Divino adotou essa  norma,  que dizer  das  nossas obrigações de criaturas falidas?
Abstraindo-nos  das  necessidades  imensas  de outros  grupos, procuremos identificar as falhas existentes naqueles que nos são afins. Em  derredor  de  nós mesmos,  os  laços  pessoais constituem  extenso campo de atividade para o testemunho.


Em  derredor  de  nós mesmos,  os  laços  pessoais constituem  extenso campo de atividade para o testemunho.
Cesse,  para  nós  outros,  a  concepção de que  a  Terra  é  o  vale tenebroso, destinado a quedas lamentáveis, e agasalhemos a certeza de que a esfera carnal é única grande oficina de trabalho redentor. Preparemo-nos para a  cooperação eficiente e  indispensável.  Esqueçamos  os  erros  do passado  e lembremo-nos de nossas obrigações fundamentais.
A  causa geral  dos  desastres  mediúnicos  é  a  ausência da  noção  de responsabilidade e da recordação do dever a cumprir.
Quantos de vós  fostes abonados, aqui, por generosos benfeitores que buscaram  auxiliar-vos,  condoídos  de  vosso  pretérito  cruel?  Quantos  de  vós partistes,  entusiastas, formulando  enormes  promessas?  Entretanto,  não soubestes  recapitular  dignamente,  para aprender  a  servir,  conforme  os desígnios superiores do Eterno. Quando o Senhor vos enviava possibilidades materiais  para  o  necessário,  regressáveis  à  ambição  desmedida;  ante o acréscimo de  misericórdia do  labor  intensificado,  agarrastes  a  idéia  da existência cômoda; junto às experiências afetivas, preferistes os desvios seriais ao  lado  da  família,  voltastes  à  tirania  doméstica,  e  sob  interesses  da  vida eterna  sobrepusestes  as  sugestões  interiores  da  preguiça e  da  vaidade. Destes-vos,  na maioria,  a  palavra  sem  responsabilidade e  à  indagação  sem discernimento,  amontoando atividades  inúteis. Como médiuns, muitos  de vós preferíeis  a  inconsciência de  vós  mesmos;  como  doutrinadores,  formuláveis conceitos para exportação, jamais para uso próprio.


Contudo,  não  abandonemos  nossos  deveres  a  meio  da  tarefa. Voltemos ao campo, retificando as semeaduras. O Ministério da Comunicação vem  incentivando esse movimento  renovador. Necessitamos de servidores de boa  vontade,  leais  ao  espírito da  fé.  Não  serão admitidos  os  que  não desejarem conhecer a glória oculta da cruz do testemunho, nem atendem aqui os que se aproximem com objetivos diferentes...
Aqui estamos todos, companheiros da Comunicação, endividados com o  mundo,  mas  esperançosos  de êxito  em  nossa  tarefa  permanente. Levantemos  o olhar,  o  Senhor renova  diariamente nossas  benditas oportunidades  de  trabalho,  mas,  para  atingirmos  os  resultados  precisos,  é imprescindível sejamos seguidores da renunciação ao inferior. Nenhum de nós, dos que aqui nos encontramos, está livre do ciclo de reencarnações na Crosta, portanto,  somos sequiosos  de  Vida  Eterna.  Não olvidemos,  desse  modo,  o Calvário de Nosso Senhor, convictos de que toda saída dos planos mais baixos deve  ser  uma  subida para a  esfera  superior.  E  ninguém  espere  subir, espiritualmente, sem esforço, sem suor e sem lágrimas.
REFLEXÃO:

NINGUÉM PODERÁ VER O REINO DE DEUS SE NÃO NASCER DE NOVO – Cap. IV – O Evangelho Segundo o Espiritismo.


Estudo do Capítulo 3 – Centro de Mensageiros


Antes de reencarnarem, os médiuns são preparados no Mundo Espiritual?
O Centro de Mensageiros, no Ministério da Comunicação, prepara entidades a fim de que se transformem em cartas vivas de socorro e auxílio aos que sofrem no Umbral, na Crosta e nas Trevas.  Organizamos turmas compactas de aprendizes para a reencarnação. Médiuns e doutrinadores saem daqui às centenas, anualmente. Tarefeiros do conforto espiritual encaminham-se para os círculos carnais, em quantidade considerável, habilitados pelo nosso Centro de Mensageiros.

 
E essa preparação é garantida de êxito do tarefeiro na Terra?
Essa preparação não constitui, ainda, a realização propriamente dita.  Saem milhares de mensageiros aptos para o serviço, mas são muito raros os que triunfam. Alguns conseguem execução parcial da tarefa, outros muitos fracassam de todo. O serviço legítimo não é fantasia. É esforço sem o qual a obra não pode aparecer nem prevalecer. 

Então, nenhum médium na Terra pode afirmar que não esteja preparado?
Longas fileiras de médiuns e doutrinadores para o mundo carnal partem daqui, com as necessárias instruções, porque os benfeitores da Espiritualidade Superior, para intensificarem a redenção humana, precisam de renúncia e de altruísmo.  Quando os mensageiros se esquecem do espírito missionário e da dedicação aos semelhantes, costumam transformar-se em instrumentos inúteis.  Há médiuns e mediunidade, doutrinadores e doutrina, como existem a enxada e os trabalhadores. Pode a enxada ser excelente, mas, se falta espírito de serviço no cultivador, o ganho da enxada será inevitavelmente a ferrugem.  Assim acontece com as faculdades psíquicas e com os grandes conhecimentos.


- Raros triunfam, porque quase todos estamos ainda ligados a extenso pretérito de erros criminosos, que nos deformaram a personalidade. Em cada novo  ciclo  de empreendimentos  carnais,  acreditamos muito mais  em  nossas tendências  inferiores do passado, que nas possibilidades divinas do presente, complicando  sempre o  futuro.  É  desse  modo  que  prosseguimos,  por  lá, agarrados ao mal e esquecidos do bem, chegando, por vezes, ao disparate de interpretar  dificuldades como  punições,  quando  todo  obstáculo  traduz oportunidade verdadeiramente preciosa aos que já tenham “olhos de ver”.
 
Vicente —  falou Aniceto sem afetação —, André Luiz é nosso novo colaborador. Foi  também médico nas esferas carnais. Creio, pois, que ambos se encontrarão à vontade, partilhando a mesma experiência.
O  interpelado  abraçou-me,  demonstrando  extrema generosidade,  e, após  encorajar-me  com  belas  palavras  de estímulo,  perguntou  ao nosso orientador:
— Quando deveremos procurá-lo para os estudos de hoje?
Aniceto pensou um instante e respondeu:
  Esclareça ao  novo  candidato  os  nossos  regulamentos  e  venham juntos para as instruções, após o meio-dia.
Estudo do Capítulo 4 – Vicente


Impossível traduzir meu contentamento com a nova companhia. Vicente,  semblante  muito  calmo,  olhar  inteligente  e  lúcido,  irradiava carinho e bondade, sensatez e compreensão.
Disse-me de sua alegria por haver encontrado um companheiro médico, alojou-me  convenientemente  junto  dele, demonstrando extrema  generosidade fraternal.
Era o  primeiro  colega  na profissão,  igualmente  recém-chegado das esferas da Crosta, de quem me aproximava de modo direto.
Trocamos idéias, largamente, sobre as surpresas que nos defrontavam. Comentamos as dificuldades oriundas da ilusão terrestre, a miopia da pequena ciência, os problemas profundos e sedutores da medicina espiritual.
Vicente,  conquanto não houvesse  feito  ainda qualquer  visita ao  plano dos encarnados, em caráter de serviço, admirava Aniceto extraordinariamente, e punha-me ao corrente dos estudos valiosos a que se entregava junto dele.
Estava cheio de conceitos entusiásticos. Em pouco mais de uma hora, nossa  intimidade  semelhava-se ao  sentimento de  dois  irmãos  unidos,  desde muito,  por  laços  espirituais.  O  novo companheiro  conquistara-me  infinita confiança.
 
Imprimi  toda  a ênfase possível ao meu relatório verbal, sensibilizando-me, profundamente, no curso da  narrativa.  Em  cada  pormenor  culminante  dos  fatos,  detinha-me  de propósito, salientando meus velhos sofrimentos e relacionando dissabores que me pareciam insuperáveis.
Vicente ouviu silencioso, sorrindo a intervalos.
Quando terminei a comovida exposição, ele pôs-me a destra no ombro e murmurou:
  Não  se  julgue  desventurado e  incompreendido.  Saiba,  meu  caro André que você foi muitíssimo feliz.
— Como assim?
  Sua  Zélia  respeitou  o  companheiro  até ao  fim,  e  o  segundo matrimônio, em  tais circunstâncias, não é de admirar. No meu caso, porém, a coisa foi muito pior.


Não pode você  imaginar como  foi intenso o sonho de amor do meu casamento.  Logo após  a  aquisição do  diploma profissional,  aos  vinte  e  cinco anos,  esposei  Rosalinda,  exultante  de  ventura.  Não  levava  a  esposa  tão somente  uma  situação  material  confortadora e  sólida,  no  terreno  financeiro, mas  também os meus  tesouros de afeto e devotamento. Minha  felicidade não tinha  limites.  Em  pouco  tempo,  dois  filhinhos  enriqueceram-me  o  lar  ditoso. Meu bem-estar era inexprimível. Em  virtude  das  reservas  bancárias,  não  me  especializei  na  clínica, consagrando-me,  todavia,  apaixonadamente,  ao  laboratório.  Atendendo  aos meus pendores,  não me  foi  difícil atrair  a  confiança  de numerosos colegas  e vários  centros  de  estudos, multiplicando pesquisas e  resultados  brilhantes. E Rosalinda era a minha primeira e melhor colaboradora. De quando em quando, notava-lhe o enfado no trato com os tubos de ensaio, mas minha esposa sabia então  calar  as  contrariedades  pequeninas,  a  favor  da nossa  felicidade doméstica.  Parecia  compreender-me  integralmente.  Era,  aos  meus  olhos,  a mãe dedicada e companheira sem defeitos.
Contávamos  dez  anos  de  ventura  conjugal,  quando  meu  irmão Eleutério,  advogado,  solteiro,  algo  mais velho  que  eu,  deliberou  localizar-se junto de  nós.  Rosalinda  foi inexcedível  em  atenções,  considerando  que  se tratava de  pessoa de  minha  família.  Eleutério  entrou  em  nossa  casa  como irmão. Embora  residisse em hotel, compartilhava dos nossos serões caseiros, sempre bem posto e interessado em agradar.
Observei,  desde então,  que  minha  mulher  se  modificava  pouco a pouco.  Exigiu  fosse  contratada  uma  auxiliar  que  a  substituísse nos  meus serviços,  alegando  que  os  nossos  filhinhos  não dispensavam  assistência maternal,  mais  assídua.  Anuí,  satisfeito.  Tratava-se,  afinal,  de  providência interessante  ao bem-estar  de nossos  filhos.  Contudo,  a  transformação  de Rosalinda  assumiu  caráter  impressionante.  Passou  a  não  comparecer  ao laboratório,  onde  tantas  vezes  nos  abraçávamos,  alegremente,  ao  vermos coroadas  de  êxito nossas  pesquisas  mais  sérias.  Preferia  o  cinema  ou a estação de repouso, em companhia de Eleutério.
Isso me entristecia bastante, mas eu não poderia desconfiar da conduta de  meu  irmão.  Fora  sempre  criterioso,  em  família,  não  obstante  ousado e filaucioso nas atividades profissionais.
Minha  vida doméstica,  antes  tão  feliz,  passou a  ser  de  solidão  assaz amarga, que eu tentava iludir com o trabalho persistente e honesto.
Assim  corriam as coisas, quando singular  transformação me alterou a experiência.  Pequena borbulha  na  fossa nasal,  que nunca  me  trouxera incômodos de qualquer natureza, depois de levemente ferida, tomou caráter de extrema gravidade. Em poucas horas, declarou-se a septicemia. Reuniram-se colegas em verdadeira assembléia,  junto de meu  leito.  Inúteis, todavia, todos os  cuidados;  anuladas  as  melhores  expressões  de  assistência.  Compreendi que o fim se aproximava, rápido. Rosalinda e Eleutério pareciam consternados e, até hoje guardo a impressão de rever-lhes o olhar ansioso, no momento em que a neblina da morte me envolvia os olhos materiais.

Outra surpresa me dilacerava o coração. Somente ao  regressar ao lar, soube que fora vítima de odioso crime. Meu próprio irmão inspirou a trama sutil  e  perversa. Minha mulher  e ele  apaixonaram-se perdidamente um  pelo outro e  cederam a  tentações  inferiores. Não havia que  recorrer a divórcio, e, mesmo que a legislação o facultasse, constituiria um escândalo o afastamento de  Rosalinda  para unir-se  ao  cunhado.  Eleutério  lembrou,  porém,  que possuíamos  experiências de  laboratório e  sugeriu a Rosalinda a  idéia de me aplicarem  determinada  cultura  microbiana,  que ele mesmo  se  incumbiria de obter, na primeira oportunidade. A  pobre da  companheira  não  vacilou,  e,  valendo-se do  meu  sono descuidado,  introduziu na  minúscula  espinha nasal,  algo  ferida,  o  vírus destruidor.
E aí tem você o meu caso naturalmente resumido.


André estava assombrado.
E os criminosos? — perguntei.
Vicente sorriu ligeiramente e informou:
— Rosalinda e Eleutério  vivem  aparentemente  felizes,  são  excelentes materialistas,  por  enquanto,  e gozam,  no  mundo  transitório,  grande  fortuna amoedada e alto conceito social.
— Mas.., e a justiça? — indaguei, aterrado.
— Ora, André — esclareceu serenamente —, tudo vem a  seu  tempo, tanto no bem quanto no mal. Primeiro a semente, depois os frutos.

Percebendo-me, porém, as tristes impressões, Vicente concluiu:
Não  falemos mais nisto. Aproxima-se a hora da  instrução. Atendamos as nossas necessidades essenciais, auxiliando os nossos amados, que ainda permanecem à distância, nos círculos terrestres. Não se impressione. A árvore, para produzir, não reclama as folhas mortas. Para nós, atualmente, meu amigo, o mal é simples resultado da ignorância e nada mais.

Estudo do Capítulo 2 – Aniceto
(em construção)


Estudo do Capítulo 1 – Renovação
(em construção)